Quarta-feira, 18 de Agosto de 2010

L.I.E. (2001) Michael Cuesta

Howie (Paul Franklin Dano) um deslocado rapaz de 15 anos surge como o novo alvo de Big John (Brian Cox) um pedófilo de meia idade que se aproveita de jovens rapazes, mas ao se aperceber dos problemas deste jovem os seus instintos paternais vêm ao de cima.

Michael Cuesta explora um dos crimes mais vis do mundo alargando o seu estudo para campos como as indecisões adolescentes, a necessidade de amor paternal e a procura por uma nova orientação já que não há nenhuma espécie de guia.

O filme surpreendeu-me de todos os modos, já que o crime não é condenado nem há a existência do choque físico, Cuesta inverga por uma nova percepção que desafia tudo, já que nos é apresentada uma relação complexa e uma necessidade interior e desmedida que nasce nas personagens; somos de facto obrigados a ver o filme com outros olhos.

O chocante é referido e colocado como atmosfera mas inexplicavelmente é desprezado, já que satiricamente no seio da trama principal é nos dada a conhecer uma história de incesto que em nada é explorada; logo o filme desaproveita, e bem, o rompimento que parecia necessário com os tabos ao nos retratar quase que como poeticamente um assunto tão desumano como a pedófilia. 

A obra ganha maior credibilidade e mesmo maior intensidade dramática ao deixar-se viver soomente pelas emoções dos intérpretes, o realizador orquestra assim um único e estranho tom. O ambiente varia por entre o estranho afável, leves confissões e o doentio, e tudo muito bem medido, tudo no ponto.

Brian Cox está ao nível de como este assunto é originalmente desenvolvido, a sua intrepretação de um pedófilo manipulador e vulnerável é brilhante.

L.I.E. da-nos as tristes caras deste assunto e as caras que nos custam a acreditar que existem, com mestria o faz, com humanidade e complexidade em que o predador é indefinido o desejo carnal mistura-se como afecto paternal numa relação estranhíssima. Com maturidade, Cuesta dita-nos a marginalidade e a pureza das suas personagens, um verdadeiro profeta e o homem indicado para no passado ter embarcado num projecto que lhe pertencia: Kids.

O choque é desnecessário, e uma estranha beleza reluz. Docemente intragável.

publicado por Diogo às 02:58
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