Clive (Adrien Brody) e Elsa (Sarah Polley) um talentoso casal de engenheiros genéticos, especializados em fundir ADN de diferentes animais e assim criar novos seres. Só que o casal decide juntar ADN humano nessa mixórdia e assim criar um espécime que revolucionara o mundo da ciência. O projecto rapidamente se torna ilegal devido ao impedimento da companhia, o jovem casal não baixa os braços e inicia as experiências em total segredo; o resultado é Dren, que ultrapassa todas as expectativas. Primeiramente Dren não passa de uma nova espécie selvagem, só que gradualmente a sua inteligência vai aumentando e a assimilar-se com a de um humano.
O canadiano Vincenzo Natali (auto do célebre "Cubo") embarca num típico projecto de terror frankensteinesco com o intuito de o inovar. À partida Splice é uma obra bastante promissora e no seu início não nos deixa ficar mal. O que parecia ser uma complexa história em potência onde a ambição cientifica e os fantasma do passado comandam o terrível fado, revela-se uma construção sem base coerente.Os problemas de maternidade, o estranho e por vezes perverso fascínio por Dren que aos poucos se vai assemelhando a uma mulher não passam de simples macacadas que apimentam o último e grande choque que o filme tem para dar. O filme não é assim tão superficial mas aparenta-o, apercebi-me de que a exploração de Natali residia nos instintos animais que habitavam no interior de uma Dren já humana, uma experiência que se revela em certo ponto estável, mas que não o é...a educação de Dren tanto pode ser assemelhada ao de uma criança como o de uma cria logo o filme tem uma forma bipartida de se apresentar e para o espectador Dren vai se definindo como racional ou irracional, nunca um mix das duas.
Infelizmente Natali suavizou o seu estudo e simplesmente nos apresentou fáceis momentos fofos do crescimento deste espécime, deu-nos tempo que chegasse e sobrasse para o estranho ser cair nas nossas graças; com um timing perfeito o dócil é sobreposto pelo imoral e o choque é distribuído com impacto.
A bipolaridade de Splice condena-o, o que parecia ser uma experiência intrínseca aliada a dramas como a maternidade revela-se uma simples experiência visual muito ao género de Cronenberg, só que esta indefinição não deixa nenhuma das duas opções brilhar o que podia. Ainda assim não se pode tirar valor à sagacidade com que algumas cenas são feitas ou ao brilhante trabalho visual do filme.
Resumindo: um desaproveitamento e um filme com pouco charme, nas mãos de outro autor esta obra conseguiria atingir outros patamares.
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