Sábado, 2 de Outubro de 2010

12 Angry Men (1957) Sidney Lumet

Um grupo constituído por doze jurados decide o veredicto de um jovem rapaz acusado de assassinar o seu próprio pai, ao princípio o caso parece de fácil resolução, mas um dos jurados (Henry Fonda) opõem se à condenação do assassino e aos poucos vai convencendo cada um dos outros onze de que nem tudo é assim tão claro.

12 Angry Men é a longa-metragem de estreia do veterano Sidney Lumet; e que estreia! A acção desenrola-se unicamente numa sala vulgar, constituida por uma mesa comprida e um certo número de cadeiras, um local vazio que rapidamente se deixa contagiar por uma nebula abafada composta pelos princípios intocáveis de cada jurado. A tensa atmosfera claustrofobica é desde logo uma perfeição sublime desta grande obra, o calor humano pinga e é neste taciturno clima que nasce toda a "acção", sim o argumento é de uma inegável qualidade mas é com este ambiente envolvente que o espectador se deixa apaixonar e se prende a cada tese dos intérpretes; considero este filme a par de Rear Window provavelmente a obra mais confortável que eu já vi. 

Estendido o "tapete" a acção brota com uma humana naturalidade a partir da origem antagonista da personagem desempenhada por Henry Fonda (uma bela prestação diga-se de passagem) com os seus argumentos um tanto rebuscados e sempre "manchados" de uma incontornável compaixão o jurado consegue aos poucos tombar a resistência, neste encenado improviso lentamente se vai revelando mais do que cada personagem quereria mostrar, toda a sua raiva e inconformidade parecem sempre de algum modo transcender o crime em estudo dando assim mais um pequeno empurrão para também as nossas teses serem engolidos por esta argumentativa sala. Mesmo tendo uma história simplificadamente original e uns tantos gritos de insatisfação social eu vejo-me forçado sempre a focar unicamente a aura calorosa com que o filme me recebeu. O maestral trabalho de câmara encontra sempre uma esquina nova na sala, sem entrar no cansativo durante uma hora e meia e mais uns minutos a sala ao invés de se "enfadonhar", cresce e torna-se mais receptiva. Este drama "refastelado" é uma das mais que obrigatórias definições de cinema puro, as aparentes limitações deixam-se malear facilmente por uma perfeita organização de planos e uma composição ambiental aconchegante. É assim que se conta uma história, é assim que se "desenha" ritmo.

Uma obra-prima!

publicado por Diogo às 00:01
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