Sábado, 1 de Janeiro de 2011

Sonatine (1993) Takeshi Kitano

Foi em Janeiro de 2010 que eu fiz o meu primeiro ciclo de cinema dedicado à obra de um autor em particular. Esse autor foi na altura Takeshi Kitano, e com o dito ciclo tive a oportunidade de ver obras, tal como Hana-bi e Kizzu Ritân. Após findar o ciclo não tive mais nenhuma oportunidade de conhecer mais um pouco do reconhecido autor japonês; devido a isso, achei por bem iniciar 2011 ao ver mais um conjunto de filmes que me interessam de Beat Takeshi.

 

O que dizer sobre Sonatine? Esta obra de 1993, a última parte de uma trilogia que explora o tão caricato objecto de estudo de Kitano: as ondas de crime, as relações entre os Yakuza; assume-se como uma formula perfeita de emagrecimento do típico filme de acção americano. Sem a necessidade doentia de recorrer sempre à acção desenfreada como locutora de toda a narrativa, ou à decoração excessiva com "quotes", Sonatine desenrola-se de uma forma pausada; a acção existe de facto, mas surge imprevisivelmente e fugazmente sem ser realmente excitante, mas a realidade é que a acção não se difunde de forma a entreter, não é esse o seu objectivo.

 

Um grupo de yakuzas naturais de Tóquio, são encarregues de participar numa guerra de gangster em Okinawa, a fim de a terminar. À medida que a guerra vai se intensificando, o grupo decide permanecer na praia a descontrair. Sonatine, ainda que por vezes tingido de sonho, nunca ilude o espectador quanto ao seu real propósito. O filme é uma lenta e demorada condenação de toda a atmosfera yakuza nos apresentada, sabemos desde o principio que a morte e a auto-destruição serão o mais que assegurado destino de Kitano e o seu bando, dessa forma a praia surge sobre a forma de uma espécie de limbo (o facto de a personagem de Kitano ser um yakuza a fazer a sua ultima missão antes da reforma, adensa esta aura condenadora, esta a sala de espera para a morte).

Esta mescla de um fado condenado mas também de uma acção imprevisível, permite que a narrativa se enche de uma distinta frescura humana. O que poderia ser um filme, unicamente vivo devido a toda a singularidade das suas cenas, assume-se como uma obra extremamente bem executada, que apesar de fazer da grandiosidade das suas artes figurativas, o principal elo de ligação entre todos os elementos filmicos, controla-se...resguarda-se e cria uma névoa hipnótica que nos engole abruptamente para este profundo e lírico drama criminal.

publicado por Diogo às 14:57
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