Com Borat, Sacha Baron Cohen consegue criar uma comédia única que aproveitando-se de questões reais permite com que a comédia surja acompanhada por uma pesada crítica social (neste projecto a mentalidade xenofóbica do bom americano). Com Brüno isso já não se sucede, desta vez a personagem lança-se provocadoramente em direcção ás suas presas dando lhe um ar falso causando no público uma sensação de dúvida que o persegue até ao fim do filme (se de facto o que estamos a assistir é composto por cenas ou reais ou se tudo é planeado). O efeito espelho que define Borat e que nos permite descobrir humanidade e propósito em cada experiência desaparece em Brüno, um filme que se revela uma encruzilhada de armadilhas baratas.
É fácil de aperceber-mo-nos que Brüno é uma cópia clara de Borat (aproveitando os restos do sucesso desta obra), mas ao contrário do filme de 2007, Brüno não consegue criar uma narrativa consistente a ponto de disfarçar a natureza episódica da história.
As supostas situações reais ocorrem de uma maneira muito breve e o objecto de critica desvanecesse no meio de tanta aventura despropositada impedindo que as cenas cheguem a ser eficazes.
O filme dança entre o objectivo e a piada fácil. Episódio como o que em Brüno apresenta o seu programa (e em que uma pila aleatoriamente redopia) não pode ser encarado como uma crítica à homofobia já que qualquer pessoa como mínimo senso comum reagiria daquela maneira ao ver tamanho absurdo; episódios como este deixam cair Brüno numa síntese estrangeirista que consegue definir o filme: just for the lulz.
Ainda assim Cohen consegue por vezes resgatar a acidez denotada em Borat, em situações em que retrata a sede da fama, a igreja e outras mais, mostrando que o filme poderia ter sido eficaz caso não tivesse perdido o foco no meio do caminho.
Apesar de barato e do cheiro artificial a improviso, Brüno consegue ser um filme em que se pode dar um bom par de gargalhadas.
Sacha Baron Cohen está de novo imaculável ao interpretar uma das suas personas.
Ironicamente um filme que deveria retratar a futilidade torna-se ele próprio um projecto fútil dando-lhe um estranho ar de classe que a meu ver não soua mal de todo.
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