Terça-feira, 13 de Julho de 2010

Audition/ Ôdishon (1999) Takashi Miike

Sete anos após a morte da sua mulher, Aoyama é convidado por um amigo seu a assistir a uma audição para um papel feminino com intuito de encontrar uma nova companheira. Yamazaki Asami, uma ex-bailarina chama-lhe logo à atenção pela sua aparente inocência e capacidade de aceitação. Após a audição, Aoyama e Asami começam a sair juntos e a jovem rapariga progressivamente vai revelando as suas tortuosas memórias de infância evidenciando que esconde uma face oculta e perigosa.

Audition seguindo a lógica da narrativa inovadora do Massacre no Texas, vai-se construindo lentamente guardando para o fim um culminar tão estrondoso que consegue abranger toda a obra, o problema é que Audition falha redondamente. O filme chega mesmo a ser enfadonho, e subitamente entra num campo de pseudo-surrealismo onde recorre a típicos pormenores para causar impressão.

O caminho da história segue somente os traumas de Asami, e o também traumatizado Aoyama (tal como o seu filho que nos seus 5 anos vê a sua mãe morrer perante ele) é colocado instantaneamente no papel de vítima de recurso.

Tem o seu interesse a exploração da criação de um monstro, já que a inocente rapariga desencadeia esta espécie de vingança devido aos horrores de infância que a assombram, só que Miike resolve meter o feminismo ao barulho; a vingança louca e despropositada ganha o aspecto de uma crítica à falta de princípios do homem, mas Aoyama é uma jóia de homem (!) que somente quer entender e ajudar Asami, nunca tentado tirar proveito dela, apenas procura proporcionar-lhe estabilidade, a vingadora é que lhe oferece o corpo (?!); desta forma a vingança bi-partida perde por um lado (revolta feminista) todo o sentido e propósito que ao mesmo tempo tira a luz à génese de um monstro (a outra face da vingança).

Quando acabei de ver o filme não consegui resistir e idealizei uma versão deste projecto, porque não retratar paralelamente o trauma de um filho sem mãe e de um pai viuvo? Porquê marca-los logo como meros peões e peças fundamentais para o espectáculo grotesco ter início? 

Audition tinha todo o potencial para fazer jus ao seu filme de inspiração, mas Miike resolveu tomar o lado das meninas desvalorizando assim o horror e a intensidade que este filme deveria ter.

O final apesar de surpreendente não justifica o filme.

publicado por Diogo às 03:33
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