Terça-feira, 13 de Julho de 2010

Mister Lonely (2007) Harmony Korine

Passados oito anos de "descanso", Harmony Korine regressa com a história de uma comunidade "outsider". Em Paris, um jovem americano (Diego Luna) que trabalha como um imitador do Michael Jackson conhece uma emitadora de Marilyn Monroes que o convida a viver numa comunidade isolada na Escócia, onde vive com Charlie Chaplin, Shirley Temple e outros tantos imitadores.

Contrastando com as suas posteriores obras grotescas (Gummo e Julien Donkey-Boy) Mister Lonely expõem se de uma forma gentil e estranhamente dócil.

Harmony sempre se sentiu atraído por este tipo de personagens ocultas - os perigosos e impetuosos adolescentes em Kids, a juventude alienada em Gummo ou a esquizofrenia em Julien Donkey-Boy.

Em Mister Lonely o foco passa dos adolescentes para os adultos, ainda assim estas personagens crescem como indivíduos que psicologicamente brotaram como peculiares. 

O filme dança por entre o drama existencialista e a comédia, continuamente, dando a Harmony a oportunidade de expor a fragilidade dos imitadores e também o absurdo das coisas, como a Rainha e o Papa na cama juntos ou os três Stooges e Lincoln a matarem ovelhas.

Paralelamente à trama principal é nos contada a história e de um grupo de freiras que faz queda-livre sem para-quedas e sem morrer, fanzendo das orações e da sua puridade de alma o seu aparo; se isto é simplesmente aleatoriedade ou se é um barato apelo à crença isso eu não, apenas sei que se trata de um momento de cinema único e no melhor que o filme tem.

Na minha opinião esta obra consegue ser até à data a obra mais acessível de Korine, recheado de personagens e cenas inesquecíveis que revelam que este realizador em primeiro lugar é um incontestável apaixonado pela sua criação. Variadissimas cenas de extrema beleza aparecem como desencaixadas e sem propósito pois Korine sente-se na obrigação de inclui-las no leque, aqui reside a verdadeira genuinidade deste projecto e realizador mas também a sua principal fraqueza.

Apesar de ter uma ideia base muito interessante, desde cedo que o filme perde o fio à meada tranformando-se numa sucessiva passagem de cenas originais. O assunto base é retratado com desleixo e nada no filme consegue atingir a sua devida intensidade, menos a cena de abertura que apesar de aparentemente descontextualizada sintetiza e retrata na perfeição o deslocamento e a infelicidade deste tipo de pessoas.

Uma nova etapa na prometedora carreira de Korine, um autor que eu aprendi a dar valor.


publicado por Diogo às 12:12
link | comentar | favorito

.Fevereiro 2011

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28

.posts recentes

. Possession (1981) Andrze...

. Rosemary's Baby (1968) Ro...

. Il Gattopardo (1963) Luch...

. L'Avventura (1960) Miche...

. Du Levande (2007) Roy And...

. Onde Jaz o Teu Sorriso? (...

. La Strada (1954) Federico...

. Nostalghia (1983) Andrey ...

. Au Hasard Balthazar (1966...

. Trash Humpers (2009) Harm...

.links

.arquivos

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

Em destaque no SAPO Blogs
pub