Domingo, 9 de Janeiro de 2011

Nostalghia (1983) Andrey Tarkovskiy

E com Nostalghia, vejo me de volta às obras do realizador que mais me assombra, Andrey Tarkovskiy.

Este filme de 1983, é a meu ver a menor obra (dentro dos filmes que já visualizei) do autor, o que não significa que seja mau, antes pelo contrário! Com esta obra o realizador russo convence-me de que o seu maior "defeito" é não conseguir fazer mau cinema.

Nostalghia é uma divagação da angustiosa saudade do país natal em fusão com a capacidade criativa. Mais uma vez, como acontece em Offret, o autor estende ao longo do crescendo do filme, um caminho todo ele espiritual de forma a levantar os fantasmas do passado, que impulsionaram o protagonista a alcançar a sua redenção final.

Esta senda assombrosa mas previsível, faz com que o filme atinja um estado de transe, o que me leva a crer que Nostalghia é sem sombra de dúvida a obra mais "elegante" do autor. Ao invés de acompanharmos emotivamente todo o dissecar do poderoso objecto em estudo (a humanidade) lentamente e despreocudamente deixa-mo-nos embalar pelos laivos suspiros da morte. Mesmo após um glorioso e trágico final, em que a luz se sobrepõe ao cataclismo real, nós não queremos deixar este mundo, esta jornada.

O apaixonante elemento hipnótico do filme é também a sua grande falha, ao denotar um certo pretenciosismo por parte do autor e por vezes uma faceta auto-indulgente. Tarkovskiy parece-me em certos momentos incapaz de dar um novo fôlego a esta sua saga, e por vezes as cenas revelam-se longas de mais de forma a não interromper abruptamente a transe imposta, o autor conseguia mais.

publicado por Diogo às 16:14
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3 comentários:
De flávio a 13 de Janeiro de 2011 às 04:40
Não concordo com o último parágrafo, mas de resto sim. Não é o meu Tarkovsky preferido, mas continua uma obra-prima.
De Victor Afonso a 13 de Janeiro de 2011 às 23:24
Tarkovsky é também o meu cineasta preferido. Este não é o seu melhor filme, mas está longe de ser mau ou até mediano. Já escrevi muito sobre o realizador russo no meu blogue.
De Diogo a 15 de Janeiro de 2011 às 16:17
Eu nunca disse que este filme era mediano. Continua a ser uma grande obra-prima, mas a meu ver há certos planos, certas existências que estão a mais. Por exemplo, a própria escadaria com as pessoas alinhadas quase que ritualmente, aparece duas vezes num espaço de tempo curto (?), diminuindo o impacto desta encenação, erros de ritmo narrativo pouco caracteristicos neste mestre. Este filme tem grandes momentos e momentos menos bons, e vejo-me obrigado a referir a travessia final da vela, que algo indescritivelmente belo

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