Partam do princípio de que Trash Humpers não é um "filme", mas sim uma "simulação". O espectador tem de seguir os passos aconselhados pelo realizador antes do visionamento da obra. É preferível eu falar por Korine quanto às "indicações" prévias: Imaginem-se num local digamos... hostil por onde vocês já passaram mais que uma vez. Encontram o que parece ser uma cassete de vhs com aspecto de que não foi esquecida, simplesmente faz parte desse local, e sem qualquer tipo de identificação; por curiosidade levam-na para casa, porque vocês tem um leito de vhs. Sem qualquer tipo de expectativa, só mesmo por curiosidade, colocam a cassete dentro do leitor para ver se esta contem algo. Agora concentrem este prólogo como se tivesse sido de facto realidade...já está? Se sim já podem ver o filme.
Korine volta de novo ao mundo de uma surreal, mas verossímil realidade retratada parcialmente em Gummo.
Trash Humpers, é uma interessante experiência cinematográfica que acompanha um trio mascarado de velhotes que ocupam os seus tempos a vaguear, destruir, cantarolar e sobretudo a "acasalar" com todo o tipo de objectos que surgem (daí o nome da obra).
Um filme de curta de duração, com uma narrativa não linear e sem uma linha de acção concreta. Desta vez Harmony Korine leva ao extremo a sua poesia figurativa descomprometida da justificação, e não o faz mal. Filmado em 8 milímetros, segurada à mão, a câmara deambulante torna este mundo criado por Korine credível; as próprias falhas da cassete ajudam-nos a acreditar que de facto alguém filmou por acaso estes momentos e de algum esta obra veio ter às vossas mãos.
Na minha opinião com a sua última obra, Harmony Korine consegue expor melhor este seu imaginário, que transposto para o nosso mundo repleto de maldades inimagináveis não soa de todo a desencaixado, melhor do que em Gummo. Mas esta obra contém uma grande falha...exige de mais do espectador. De certa forma é nos pedido um prévio "trabalho de casa" de forma a sentir com a maior intensidade o seu conteúdo, mostrando que só por si Trash Humpers não consegue de todo enquadrar-se em qualquer tipo de interpretação ou justificação plausível.
Fico feliz que esta obra exista, mas é proibidio ao autor americano, voltar a repetir a experiência. Não é necessário haver duas Torres "Eiffeis".
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